Especialista em violência e segurança pública explica que o aumento de policiais e militares eleitos está ligado ao medo da população
Foto: Pedro Santos.
Puxados pela onda bolsonarista iniciada em 2018, 87 candidaturas ligadas à Segurança Pública foram eleitas nestas eleições, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De candidatos do mesmo grupo, houve o aumento de 27% em 2022, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo o professor de psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador de violência e Segurança Pública, Pedro Paulo Bicalho, o que impulsiona a eleição e as candidaturas de pessoas ligadas a cargos de segurança, como policiais e militares, é o medo.
"São candidaturas que se constroem a partir do medo do operador político. É o medo que sentimos de viver em cidades inseguras que serve para justificar esse modo de lidar com a segurança pública. Os candidatos se aproveitam do medo, que justifica, para eles, o retrocesso", afirma.
A auxiliar de contabilidade Elaine Cristina, de 47 anos, afirma que foi exatamente esse o motivo que a levou a votar em uma candidata delegada, que, para ela, representa uma garantia de segurança maior.
"Ela vem dessa área, consegue entender melhor como funciona a segurança de um estado em um momento que nós não podemos andar livremente nas ruas, quando a violência já tomou conta", afirma.
Eleitos
Na Câmara dos Deputados e nas Assembleia Legislativa estadual e distrital, são 83 deputados ligados à Segurança Pública eleitos. Nas regiões, o Sudeste sai na frente com 33 parlamentares, seguido do Norte, com 16, Nordeste, com 14, Sul, com 11 e Centro-Oeste, com 9.
Entre candidatos a governadores e vice, 24 pessoas ligadas à segurança se candidataram, mas apenas três foram eleitos ou enfrentarão o segundo turno, que ocorre no dia 30 de outubro.
Já no Senado Federal, dos 19 candidatos, apenas o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) foi eleito no Rio Grande do Sul.
Candidatos
O estudo realizado pelo Instituto de Estudos Socieconômicos (Inesc), em parceria com o Common Data, mostra que, neste ano, foram registradas 1.433 candidaturas com categorias profissionais de "militares e forças de segurança". Desses, 870 (60,71%) mencionam o cargo no nome de urna, onde a maioria são policiais militares (537).
"Essas candidaturas representam em maioria aspectos conservadores, ligados a partidos de direita, portanto, apontam para a defesa de uma política de segurança pública desalinhada com as convenções internacionais que mostram a segurança pública como um direito humano", continua Bicalho.
A visão de segurança pública como um direito humano é o que guia a publicitária Iasmym Torres, de 22 anos, na hora de escolher um candidato.
"Eu não acho que o candidato precise estar ligado à polícia ou ao Exército para entender de segurança. O importante é analisar as propostas e encontrar candidatos que pensem no todo, nas desigualdades sociais do país que me atingem também. E nem sempre eu encontro isso nesses candidatos ligados à segurança pública, que normalmente são mais conservadores", conta.
Apoiando a fala do especialista, o levantamento do Inesc ainda mostra que 75,28% das candidaturas são de partidos que se declaram de direita, ou seja, mais conservadores. Apenas 15,38% são de siglas de centro e 13,54% de esquerda.
Por Evellyn Luchetta e Geovanna Bispo
Supervisão de Vivaldo de Sousa
Puxados pela onda bolsonarista iniciada em 2018, 87 candidaturas ligadas à Segurança Pública foram eleitas nestas eleições, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De candidatos do mesmo grupo, houve o aumento de 27% em 2022, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo o professor de psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador de violência e Segurança Pública, Pedro Paulo Bicalho, o que impulsiona a eleição e as candidaturas de pessoas ligadas a cargos de segurança, como policiais e militares, é o medo.
"São candidaturas que se constroem a partir do medo do operador político. É o medo que sentimos de viver em cidades inseguras que serve para justificar esse modo de lidar com a segurança pública. Os candidatos se aproveitam do medo, que justifica, para eles, o retrocesso", afirma.
A auxiliar de contabilidade Elaine Cristina, de 47 anos, afirma que foi exatamente esse o motivo que a levou a votar em uma candidata delegada, que, para ela, representa uma garantia de segurança maior.
"Ela vem dessa área, consegue entender melhor como funciona a segurança de um estado em um momento que nós não podemos andar livremente nas ruas, quando a violência já tomou conta", afirma.
Eleitos
Na Câmara dos Deputados e nas Assembleia Legislativa estadual e distrital, são 83 deputados ligados à Segurança Pública eleitos. Nas regiões, o Sudeste sai na frente com 33 parlamentares, seguido do Norte, com 16, Nordeste, com 14, Sul, com 11 e Centro-Oeste, com 9.
Entre candidatos a governadores e vice, 24 pessoas ligadas à segurança se candidataram, mas apenas três foram eleitos ou enfrentarão o segundo turno, que ocorre no dia 30 de outubro.
Já no Senado Federal, dos 19 candidatos, apenas o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) foi eleito no Rio Grande do Sul.
Candidatos
O estudo realizado pelo Instituto de Estudos Socieconômicos (Inesc), em parceria com o Common Data, mostra que, neste ano, foram registradas 1.433 candidaturas com categorias profissionais de "militares e forças de segurança". Desses, 870 (60,71%) mencionam o cargo no nome de urna, onde a maioria são policiais militares (537).
"Essas candidaturas representam em maioria aspectos conservadores, ligados a partidos de direita, portanto, apontam para a defesa de uma política de segurança pública desalinhada com as convenções internacionais que mostram a segurança pública como um direito humano", continua Bicalho.
A visão de segurança pública como um direito humano é o que guia a publicitária Iasmym Torres, de 22 anos, na hora de escolher um candidato.
"Eu não acho que o candidato precise estar ligado à polícia ou ao Exército para entender de segurança. O importante é analisar as propostas e encontrar candidatos que pensem no todo, nas desigualdades sociais do país que me atingem também. E nem sempre eu encontro isso nesses candidatos ligados à segurança pública, que normalmente são mais conservadores", conta.
Apoiando a fala do especialista, o levantamento do Inesc ainda mostra que 75,28% das candidaturas são de partidos que se declaram de direita, ou seja, mais conservadores. Apenas 15,38% são de siglas de centro e 13,54% de esquerda.
Por Evellyn Luchetta e Geovanna Bispo
Supervisão de Vivaldo de Sousa
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